UMA VISÃO CRITICA RADICAL DE UM MUNDO RIDICULARMENTE IMORAL

SER COMPASSIVO É SUBVERTER-SE AO SISTEMA

quarta-feira, 4 de maio de 2011

VIDAS AMEAÇADAS

São sete horas da manhã na cidade, na rua o catador de reciclável inicia sua rotina diária. Defronte a uma escola uma caçamba de entulhos e lixo, postada silenciosa na calçada é um alvo certo para buscar latinhas e papelão que renderão alguns trocados àquele jovem trabalhador da rua.


Em movimentos rápidos e determinados, o jovem catador remexe os sacos de lixos dispostos em desordem dentro da caçamba misturados com entulhos e papéis. De repente, dentro de um dos pacotes algo lhe chamou a atenção. Parecia um rosto de criança. Seria uma boneca? O odor e o modo em que fora enrolada numa toalha de banho deixaram–o assustado e no desespero correu imediatamente a avisar os responsáveis da escola do fato em que presenciara.

- Tem um bebê na caçamba de lixo! Está dentro de um saco!

Vieram os professores e os funcionários que constataram a presença de um corpo de uma criança recém nascida do sexo feminino, com apenas quatro dias de vida. Imediatamente notificaram a policia que tomou as providencias necessárias.

Uma vida que começa ameaçada de ser ceifada antes mesmo de iniciar sua caminhada de experiências. Uma história que começa pelo fim.

Uma câmera de vigilância da rua flagrou o momento preciso em que a mãe colocara o bebê na caçamba, o que foi primordial para a sua identificação.

Uma mulher de 39 anos, já com outras histórias de abandono, outros 4 filhos e uma mente muito atormentada, talvez pelo consumo de drogas ou pelo estresse do cotidiano.

O que a justiça vai dizer? O que a medicina vai explicar? Quanto vale uma vida? Como evitar as ameaças da vida?

Viver ou morrer: uma decisão que parece que já não é de Deus. Começa com a concepção desautorizada ou uma relação desestruturada e termina com a decisão de mentes doentes sem formação ou coerência munidas apenas pelo egocentrismo, que toma atitudes sem atentar pelas conseqüências.

A igreja condena o aborto precoce, mas não acolhe a vida concebida. A justiça condena os atores do aborto, mas não facilita a adoção dos filhos indesejáveis. O povo se revolta em emoção, mas não exterioriza suas reações para cobrar resultados políticos.

A criança encontrada na caçamba de lixo pode viver ou morrer. Se morrer será mais um mártir, e será lembrada nas manchetes de jornais e chamadas televisivas, mas se viver será mais um multiplicador, que de volta à sociedade, dada a prioridade de criação e educação para da família, encontrará as mesmas dificuldades de sobrevivência da mãe que a colocou no mundo.

Porém, se a felicidade bater-lhe à porta e os caminhos da justiça facilitar a adoção, uma família estruturada pode lhe oferecer o essencial e o amor e esta com certeza superarão as dificuldades genéticas e trilhará os caminhos do bem, da igreja e do sucesso.

Paulo Freitas

27/04/2011