Outro dia li no jornal a seguinte notícia: “ Hotéis da região das águas ficam repletos com o feriadão. Muitas pessoas deixaram suas casas para se deliciarem em hotéis de 3, 4 e 5 estrelas “.
Sabem quanto custa um pacote ( 4 dias) no Hotel Vacance de Águas de Lindoia? Apenas R$ 2400,00 por casal. Quase seis salários mínimos por quatro dias de mordomias e sossego.
Então fiquei a pensar nesta situação em que se encontra o mundo: de um lado o ápice da pirâmide com a elite que mata a sede com champanhes francesas, enquanto que na base a pobreza toma água contaminada, tiradas de buracos ou cisternas sem saneamento ou limpeza.
Pensei nas mães que vejo passar nas ruas em busca do serviço de saúde municipal, com as mãos , o colo e a barriga cheios de crianças mal nutridas, mal vestidas e mau cuidadas.
Quantas cestas básicas daria para comprar com R$ 2400,00. Quantas camisetas poderíamos comprar ? Quantos litros de leite?
Não podemos dizer que o casal que se hospedou no Hotel Vacance é culpado. Não podemos dizer que aquela mãe é culpada de ter tido tantos filhos que nem pai tiveram para reconhecer.
Podemos afirmar com certeza que razões políticas e capitalistas somam-se para ter formado este perfil de gerações de homens e mulheres desta década.
Sinto saudades do Grupo Escolar, do INPS, da Guarda Civil. Pelo menos naquela época não se ouvia falar de bandidos com direitos à segurança enquanto cidadãos não podem sair de casa. Que não se gastavam mais de R$500,00 por mês para manter um criminoso na cadeia enquanto que hoje muitas famílias não têm direito ao trabalho para ganhar um raso salário mínimo.
Quando será que os governantes vão perceber que é preciso começar pela base. Que não adianta prender os bandidos: é preciso dar condições às crianças para não se tornem marginais. É necessário garantir os direitos de todos os cidadãos, presentes na constituição: direito à saúde, à educação e segurança com qualidade e igualdade.
Não adianta a alfabetização em massa para crianças sem educação.
Não adianta receitar antibióticos para crianças desnutridas.
È preciso virar a pirâmide de ponta-cabeça. Talvez desta forma a elite sinta o peso da responsabilidade do mundo de marginalizados que se está criando.
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